Anti-Manual de Teoria Política

16 outubro, 2024


 

 

Carxs leitorxs de A Navalha de Dalí,

Compartilhamos com vocês uma nova playlist do nosso canal (Van Filosofia): o Anti-Manual de Teoria Política

Uma série de vídeos que apresentam alguns dos principais autorxs "lado B" do cânone da Teoria Política moderna e contemporânea.

Esperamos que gostem!


Capitalismo, tecnologias, nómos e música

16 junho, 2024


Alguns ensaios que foram publicados em 2024/1, que gostaria de compartilhar com vocês:

- Surveillance capitalism and algorithmic struggles, com Giuseppe Cocco, para Matrizes/USP; (Versão em português)

- Moldar e modular: penalidade e abolicionismos nas sociedades de controle, para Passagens/UFF;

- De volta ao ritornelo: nómos e música em Deleuze e Guattari, para Direito e práxis/UERJ; (English version of Back to the refrain: nómos and music in Deleuze and Guattari is coming soon).


Espero que gostem!

Ódio ao direito

21 maio, 2024

Ódio ao direito | Murilo Corrêa (sobinfluencia, 2024) | em pré-venda

 

Nada é mais fácil do que odiar o direito. Aparelho ideológico de Estado. Instrumento de dominação de classe. Prolongamento eficaz de estruturas de poder violentas. Poeira de pirlimpimpim normativa que dissimula o estado de exceção. Emanação da decisão soberana, onde ouvimos bater o coração do Estado de polícia. Não por acaso, o Foucault de Em defesa da sociedade diz que a lei não pacifica nada. Pelo contrário, em cada uma das suas menores engrenagens, conduz surdamente a guerra. E no entanto, não há nada a recusar no direito. Nada a denunciar no direito. Tudo a retomar.

Ódio ao direito duplica e faz divergir o conhecido gesto de Ódio à democracia, de Jacques Rancière. Assim como o livro do filósofo argelino faz um elogio lúcido e uma defesa feroz das democracias reais contra as representativas (Estados oligárquicos de direito), Ódio ao direito faz um elogio sereno e uma defesa filosoficamente implacável dos potenciais germinais que o direito contém como meio coletivo de expressão para as lutas do hoje.

Na obra, o desafio político e teórico que Murilo Corrêa propõe não recusa o direito, e nem deserta o tecido vivo das lutas. Ao contrário, a partir das relações entre Deleuze e o direito – e suscitando alguns de seus intercessores mais importantes e eclipsados, como Tarde, Simondon e Guattari –, o livro potencializa as capacidades de invenção que nos propõem tomar coletivamente o direito como zona de arrebentação de uma memória das lutas que se foram e das que estão por vir.

Experimentado como uma jurisprudência dos corpos, o ódio ao direito sofre uma conversão pragmática e sensível. Trata-se de tomar o feixe de linhas de fuga, e dar linha ao conjunto de pontas soltas que podem nos lançar armas verdadeiramente políticas para as invenções de saber e de poder que nosso desejo incomensurável requer. Não recusar as armas do direito – porque, deixadas ao relento, elas serão usadas contra nós. Não pisar as armadilhas da crítica negativa, que só consegue julgar o direito pelo que ele é, sem jamais conseguir tomá-lo como máquina de expressão: as operações do fazer existir.


Livro
Livro + pôster
Livro + pôster + aula

Tudo em pré-venda no site da sobinfluencia edições ~ https://sobinfluencia.com

 


 

Sortilégio para aqueles que tornaram possível a lei de imigração

22 dezembro, 2023


>> por Paul B. Preciado

 

Este é um feitiço tecnoxamânico a ser realizado coletivamente durante as festividades sagradas e pagãs correspondentes à passagem das noites mais longas e dos dias mais escuros do ano, visando ao retorno da luz no hemisfério Norte. Esse feitiço é dedicado a todos aqueles e aquelas que redigiram a nova lei de imigração francesa, que votaram nela ou que, tendo se abstido de votar ou lutado para que ela fosse alterada, fizeram com que ela acontecesse no mundo real.

Que as fronteiras que vocês ergueram se fechem sobre vocês. Que as leis que vocês decretaram sejam aplicadas a vocês. Que a nacionalidade que possuem e reivindicam como se fosse um direito natural lhes seja retirada e que, em seu lugar, seja criado um cartão de “criminoso político” para cada um e cada uma de vocês, com seu nome e os nomes de seus progenitores, suas impressões digitais, seu sexo e sua foto.

Que vocês conheçam a repressão por toda a parte, e o acolhimento, em parte alguma. Que as condições de acolhimento vos sejam sempre restritas. Que nem a amizade, nem o casamento, nem a família possam vos garantir o direito de acolhimento. Que seus pedidos de autorização de residência sejam recusados em todos os lugares e para sempre.

Que as fronteiras que vocês ergueram se fechem sobre vocês. Que nem o dinheiro nem o poder vos sirvam a atravessá-las. Que vocês sejam sempre e em todo lugar deportados em nome da lei. Que seus direitos humanos mais elementares sejam ultrajados antes mesmo do seu nascimento e depois da sua morte. Que não haja possibilidade de reunificação familiar para você e seus entes queridos. Que onde quer que vocês vão, vocês sejam estrangeiros.

Que sua existência sobre a Terra seja considerada um crime, e que seus corpos vivos e vulneráveis, sua aparência, seu idioma e sua religião, sejam declarados graves ameaças à ordem pública. Que, onde quer que vocês vão, sua presença seja reconhecida como um crime de residência ilegal, punível com uma multa de 3.750 euros. Que cada encruzilhada se torne um posto de fronteira para vocês e que, a cada esquina, um policial possa tirar suas impressões digitais sem o seu consentimento.

Que na doença, não lhes socorra o direito ao cuidado. Que a assistência médica universal lhes seja recusada. Quando conheçam a fome, que aquelas e aqueles que se autoproclamam “cidadãos nacionais” tenham, por força da lei, o direito de privá-los do pão.

Que a polícia, a quem vocês deram poderes ilimitados, os persigam por becos escuros, onde todas as portas e janelas se fecharão em seus caminhos. Que seus peitos sejam esmagados por botas; seus olhos, arrancados por balas de borracha.

Que aquelas e aqueles que os amaldiçoam devido ao seu lugar de nascimento, à cor da sua pele, ao seu gênero, à sua sexualidade, à sua religião ou etnia, à sua situação econômica ou à sua formação profissional possam exercer sobre vocês, pela imposição de cotas, um direito de vida ou morte.

Que as fronteiras que vocês ergueram se fechem sobre vocês. E quando morrerem tentando atravessá-las, que seus nomes sejam esquecidos e que seus corpos, perdidos no fundo do mar, calcinados no deserto ou esquecidos em uma vala, nunca sejam encontrados, nem tenham direito a uma sepultura.

E depois de terem sido submetidos às leis de um mundo que vocês mesmos criaram, que suas fronteiras internas finalmente cedam. Que seus corações se abram e se tornem uma Arca de Noé cósmica na qual as almas de todos os mortos que vocês condenaram possam entrar sem impedimentos. Que os espíritos de Zyed Benna e Bouna Traoré, Mohamed Bendriss, Alhoussein Camara, Adama Traoré, Nael Merzouk e milhares de outros os possuam, habitem e mudem. E que, cheios do poder das vidas que tiraram, possam escutar o chamado da graça meteca e anarco-queer.

Pelo poder transformador dessa graça, que vocês possam ser totalmente diferentes do que são, pois o futuro do mundo depende da sua capacidade de mudar. Que vocês experimentem a alegria e a dor da empatia universal. Que seus corações, antes fechados, se sintam solidários com tudo o que até agora consideravam estrangeiro, estranho e criminoso. E ao sentir em seus corpos o universo inteiro como se fosse a sua própria carne, vocês chorem inconsolavelmente.

Que a pomba, cujas asas vocês cortaram, faça ninho em vocês, e devore todos os seus desejos de dominação e morte. Que a força do amor planetário expulse dos seus espíritos o fascista que os subjuga. Que o ditador que se apossou do Parlamento das suas almas seja destronado e que a liberdade reine em suas vidas. Por meio desse feitiço, e contra a sua ideologia e a sua vontade, apelamos à mutação dos seus desejos, sem qualquer reversibilidade possível, para o bem do planeta e de vocês mesmos.

Que tudo isso seja dito e feito em nome de James Baldwin e Audre Lorde, Frantz Fanon e Jean Genet, Aimé Césaire, Cherrie Moraga e Gloria Andalzúa, Leslie Feinberg e Marsha P. Johnson. Invocamos a força e o poder deles, sua compaixão e sensibilidade, para que sua transformação seja total e absoluta. Amém, e feliz solstício.


* Publicado originalmente em Libération: <https://www.liberation.fr/idees-et-debats/opinions/sortilege-a-celles-et-a-ceux-qui-ont-permis-la-loi-immigration-par-paul-b-preciado-20231222_UL67BGXNNNBRJEJA6UQOCOO2P4/>.

** Tradução de Murilo Duarte Costa Corrêa

Por onde começar a ler Guattari? 4 Rotas

07 dezembro, 2023

Nesse vídeo, eu te apresento quatro rotas de leitura que respondem à pergunta: por onde começar a ler Guattari? Psicoterapeuta institucional, ativista político e filósofo, Félix Guattari (1930-1992) foi um dos mais conhecidos pensadores do século XX, singularmente vinculado às trajetórias dos movimentos de maio de 1968. 

Conhecido por livros como o Anti-Édipo, Mil Platôs, O que é a Filosofia? (com Gilles Deleuze), Guattari foi por muito tempo tratado como um filósofo menor -- menorizado e minoritário face à obra conjunta com Deleuze. Mesmo no âmbito dos "Deleuze studies", Guattari não raro aparece como um pensador secundário, esquecido ou ofuscado. E todavia, de meado dos anos 2010 em diante Guattari conhece um renascimento, e se torna um teórico cada vez mais traduzido, lido, citado e discutido no pensamento contemporâneo, tanto ao lado de Deleuze e de outrxs -- com quem escrevia a quatro mãos (Negri, Bifo, Rolnik etc.) -- quanto em função de seu peso e importância próprios. 

O que torna Guattari especialmente inclassificável, e ao mesmo tempo o autor de uma obra em cujo labirinto é difícil orientar-se à primeira vista, é a profusão dos seus escritos, a inconvencialidade de seus conceitos, a transdisciplinariedade do seu modo de abordar e de formular problemas, e uma constante preocupação com o presente e com o que estamos nos tornando. 

Assim, tento apresentar neste vídeo quatro rotas de leitura para você começar a ler Guattari. Estou certo de que não são as únicas! Então, se você experimentou esses textos de alguma outra maneira, conta pra gente como foi o seu contato e como se desenvolveu a sua experiência! Conhece outros comentadores bacanas que gostaria de sugerir? Deixe aqui nos comentários algumas outras ideias sobre como entrar na obra de um dos maiores filósofos franceses contemporâneos! 

*Academia.Edu (Textos & Livros) http://uepg.academia.edu/MuriloCorrêa

Instituições, corpos, ecologias...

27 novembro, 2023


Este vídeo é o corte da conferência "Para pensar uma jurisprudência dos corpos". Ela foi realizada em 23/11/2023 no âmbito do III Colóquio Internacional Miroslav Milovic ("Direito como potência"), na Universidade de Brasília (UnB), transmitido ao vivo às 19h00. 

A mesa "Diálogos contemporâneos" contou ainda com as conferências dos Professores Cassiana Stephan (UFPR) e Paulo Irineu (IFTM), e foi mediada pelo Professor Felipe Rodolfo (UFMT). A íntegra pode ser conferida no Canal do @grupodepesquisamiroslavmilovic, no link a seguir: https://www.youtube.com/live/AnC57jXP... 

 

 * Textos & Livros http://uepg.academia.edu/MuriloCorrêa

Deleuze: una jurisprudencia sin jueces

 

 
Este video es una selección de la presentación hecha en el 16 de noviembre de 2023 en el marco de los "Encuentros de Teoría Política y Social" organziados por la Maestría en Teoría Política y Social de la Facultad de Ciencias Sociales, Universidad de Buenos Aires, Argentina. 
 
En él tematizamos la noción de jurisprudencia como una operación social, colectiva y sin jueces en sus líneas más importantes y sencillas, así también en sus hallazgos más generales, siempre alrededor de la investigación que conducimos sobre Deleuze y el derecho. Participaran del debate posterior los professores Ricardo Laleff Ilieff (UBA), Virginia Zuelta (UNPAZ y UBA) y Carlos Vanegas Zubiría (Universidad de Antioquia, COL).
 
** Textos que les pueden interesar: 
 - Ahí es donde se pasa del derecho a la política: Deleuze y los grupos de usuarios (En castellano): https://www.academia.edu/100443436/Co... 
- A jurisprudência como categoria social (En portugués): https://www.academia.edu/52441821/COR... 
- Deleuze e os grupos de usuários (En portugués): https://www.academia.edu/76818501/COR...