8 de março de 2023. Estou em Santiago do Chile. Sigo maravilhado pelos dias secos de sol que fazem neste quase-começo de outono. Mais ainda pela forma como as montanhas andinas parecem envolver a cidade num abraço deitado e distante. Saindo da Plaza de Armas, cuja noite cães, carabineros, prostitutxs e transeuntes ocupam, ando na direção de La Moneda e caio na Gen. O’Higgins - uma arterial imensa que irriga a cidade de veios menores por onde, dias antes, eu ouvia o barulho dos carros, ônibus, peatones, motos e bicicletas motorizadas criarem densos coágulos urbanos. Ao longo dessa avenida, o comércio ambulante frenético vende de tudo, e disputa os pesos de cada pedestre no grito. Livros descansam sobre tecidos quadriculados, dispostos no chão como pequenos sebos portáteis; maquiagens, roupas, bugigangas, traquitanas, bebidas e comestíveis, fármacos controlados e não controlados, podem ser comprados over the counter por quem quer que passe. Ninguém quer saber. Ninguém se importa. Sã