Aforismos
em defesa e memória da Livros de Humanas
1. Nómos. – Contra a autoridade dos nomes
próprios e a propriedade que se inscrevem no nómos – que é, sobretudo, rapina, divisão e apossamento forçado –
velamos o corpo do autor, sua mão escritora, os riscos indeléveis, a impressão
no corpo, o gesto suspenso e esmaecido.
2. Disse alguém. – [...]Esses deveriam ser
os princípios de toda escritura, porque toda escritura está para além do autor.
3. A glória. – Alguém dizia que mesmo os
filósofos que rejeitam a glória, não deixam de escrever seus nomes nas capas de
seus livros. Isso porém, não é a prova da identidade, mas do devir um outro, que é a prova de toda
escritura.
4. O corpo é o escritor –. A mão é a
escritora; o sujeito, seu instrumento.
5. Quem o autor pensa que é? –. Você, o
criador...
6. O que é um autor? –. O autor é o animal
que vive da (s)obra alheia. A escritura é o limiar do seu excesso; a obra, o limiar
da sua exceção.
7. Sem assinatura –. Imprimir o signo do
pessoal a uma criação é apagar sua própria assinatura inominável.
8. Aos editores –. Só queremos o
pensamento. Quanto às obras, guardem-nas num cofre (para si mesmos).
9. Aos juízes –. Como continuar a se
defender de pensar – quando se tornar inútil todo recurso à autoridade?
10. O autor está morto. – Ao comum, seus despojos.
11. Nós, os criadores. – À recolha.
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